sábado, 29 de fevereiro de 2020


















Oito anos de artigos de opinião por um cidadão comum

Quito Arantes












































Entre o bem e o mal


Sempre que nos ocorre uma ideia contraditória a uma ideia de outrem ficamos pelo juízo bom ou mau da pessoa em causa. Talvez a falta de tempo para uma auto-análise nos faça ter a percepção de que estamos a reagir mediante os nossos juízos e valores.
Se uma coisa ou uma certa atitude está bem ou mal, definimo-la perante valores da sociedade em que estamos inseridos ou que nos é imposto. Também é verdade que a nossa sociedade não pensa da mesma maneira de há trinta anos e o que era, então, “Bem” ou “ Mal” não será necessariamente o mesmo nos dias de hoje.
Deu-se na Europa uma revolução cultural que alterou definitivamente “tabus sociais” que até então pouco eram comentados. A contestação aos valores burgueses, o apelo à liberdade de expressão e igualdade social revolucionaram as ideologias mais conservadoras.
Pelos cinco cantos do mundo, o Bem e o Mal nunca foram interpretados da mesma forma e ainda hoje não o são; porque todo o ser humano e diferente e cria várias alternativas para a mesma situação. Como devemos saber, as culturas, as religiões, costumes e leis impostas pelas sociedades fazem com que exista algo entre o “Bem” e o “Mal” que muitas vezes nos deixam a pensar; é “bem pensado ou mal pensado é bem feito ou mal feito”.
Entre o “Bem” e o “Mal” existe uma incerteza de atitude e um parecer delicado do critério de outros.
A mente humana é muito fértil e para que não caia em desarrumos fica-se muitas entre o “Bem e o “Mal” como uma autodefesa para os infortúnios da vida. Entre estes valores “hocus-pocus” da vida em que nem a lei considera nem o mal reina.
Sabemos que todas as sociedades punem quem pratica o mal, mas quando se fica entre o “Bem” e o “Mal” muitas injustiças são praticadas, e muitas pessoas são colocadas à margem dos Direitos do Homem.
É dignificante quando sabemos que praticamos o “Bem” enquanto que é angustiante sabermos que praticamos o “Mal”, quando ficamos entre estes dois juízos fica-nos a passividade da acção praticada.
Somos governados por políticos, que tentam nas suas decisões ponderar o “Bem” para que, nós, cidadãos, não sejamos prejudicados, e para que entre o “Bem” e o “Mal” fique no caminho possível à realização das pessoas.



Revista Noticias Magazine de 4 de março de 2001
Rubrica: Faça-se Ouvir














Quem não é profissional?

Há dias li uma notícia que, definitivamente me surpreendeu: “Os portugueses são pouco profissionais”.
Isto dito por intelectuais de café até se aceitava, mas dito pelo primeiro-ministro é como passar um atestado de incompetência aos portugueses. O Sr. Eng. António Guterres esquece-se que o principal pouco profissional é o próprio governo, com os seus ministérios a cometerem erros básicos de trabalho e gestão governamental. O governo negligencia “culpas”, como no caso de Castelo de Paiva, tentando responsabilizar entidades privadas causadoras do acidente, a ministra da Saúde adultera números confirmados pelas direcções dos hospitais…
Sinceramente, acho que este governo nem tapar buracos consegue (…).
É assustador como o Sr. primeiro-ministro se vitimiza para desculpar a sua própria incompetência. O que sentem os portugueses que pagam os seus impostos, trabalham 40 horas semanais, dão rendimentos ao País e ao aparelho de Estado e depois ouvem um orador político falar em “não profissionalismo” dos portugueses. Quem passa os dias em beberetes e palestras filosóficas não são os portugueses, que trabalham oito e mais horas por salários que nada que nada dignificam o seu trabalho. Era bom que o Sr. Eng. António Guterres pensasse que se a economia portuguesa não caí na bancarrota é porque os portugueses, com o seu trabalho e profissionalismo, não deixam que isso aconteça, e não por mérito do governo que, definitivamente olha para os seus interesses socialista e não para o povo em geral.
Para terminar este desabafo queria só dizer mais uma coisa: gostaria de ver o Sr. Eng. António Guterres usufruir de um ordenado mínimo e dizer: “Com este vencimento pago a renda da casa, alimentação, gás, água, luz, e ainda vestuário e estudos dos meus filhos”. Por favor, Sr. primeiro-ministro, já é altura de apoiar os menos favorecidos e não passar um atestado de incompetência a quem anda a suportar erros governamentais.





Revista Notícias Magazine de 6 de maio de 2001
Rubrica: Faça-se Ouvir






















Libertem as mulheres


O que assistimos, há algumas semanas, com o julgamento de mulheres por cometerem actos de aborto, deixa muito a desejar.
Compreendo que sejamos um povo católico, com raízes religiosas profundas, mas também é verdade que todos nós somos proprietários do nosso próprio corpo e devíamos fazer dele o que bem entendermos, sem implicar terceiros. O direito à vida está explícito na Constituição, mas também o direito à liberdade individual. Vamos continuar a assistir aos abortos clandestinos, muitas vezes feitos sem condições, à morte de mulheres que abortam por falta de meios económicos, filhos indesejados fruto de violações? Que moral tem o Estado para obrigar mulheres a deixar vir ao mundo crianças deficientes, crianças que nunca vão ter o carinho de suas mães e vidas dignas que todas as crianças merecem? Só um tabu religioso faz com que raparigas adolescentes que mal tiveram tempo para saber o que era a sexualidade e já estão a braços com um peso para as suas vidas, que lhes arrancam os sonhos da juventude.
Penso que de nada vale fazer um referendo, mas sim um debate público com a sociedade civil, órgãos da comunicação social, técnicos de saúde e também que voltasse à Assembleia da República para debate de tão polémica lei que discrimina as mulheres.
Continuamos a assistir à superioridade do homem em relação à mulher, enquanto todos sabemos que as capacidades intelectuais são as mesmas, e em muitos casos sendo estas muito mais sensíveis a certas situações que envolvem a integridade humana. Só quem não quer ver é que não sabe que a mulher de hoje é polivalente, pois além do emprego ainda tem a casa para orientar, os filhos para educar e toda uma conjectura de factores que levam a desdobrar-se em esforços para que as famílias o mais unidas possível.
Porquê o medo do poder feminino? Talvez muitos homens não sejam capazes de sobreviver sem a mão de uma mulher.
Libertem-se do medo feminino, deixem-nas viver em liberdade, protejam-nas como nos protegemos a nós. Acabemos com o mito da árvore do paraíso que nos atrofia o coração.






Revista Notícias Magazine de 17 de fevereiro de 2002
Rubrica: Faça-se Ouvir


                                          











                                                          Educação sem capitão
  

É bastante lamentável, Sr. ministro da Educação. Eu sei que o País tem de sair da crise deixada pelo Governo anterior, mas reduzir o número de professores e manter turmas de 28 alunos? Como é que um professor consegue que 28 alunos da mesma turma assimilem a matéria da mesma forma? (…) Já chegam os problemas sociais e as carências económicas dos alunos, os professores com as casas às costas. V. Exa. Anda a sacrificar professores a alunos, e ainda por cima manda-os para o desemprego, (…) Eu sei, Sr. ministro que a despesa com o ensino é bastante elevada. Então porque não faz as malas e vai a Bruxelas expor a situação à presidência da União Europeia? Pois se somos uma comunidade de Estados, temos que resolver os problemas juntos. Dá-me a sensação que o barco da Educação está sem capitão de bordo, assim não estou a ver onde vai atracar.



Revista Notícias Magazine de 17 de novembro de 2002
Rubrica: Faça-se Ouvir
                                                                      



Sugestões para melhorar o ego

Só quero estar onde não estou. A ansiedade dos dias felizes toma conta de mim. (…) A vida corre com uma velocidade tal, que não há tempo para voltar ao princípio e desfazer os erros. (….) É claro que depois de um dia de trabalho não estamos na melhor condição para avaliar o estado do nosso ego, pois ele também transpira pelo esforço de dias rotineiros. Mas para refrescarmos a nossa mente não há nada como mudar de hábitos, nem que seja nas pequenas coisas: alterar o percurso a caminho de casa, ouvir um disco que não ouvíamos há muito tempo, ou fazer aquela boa acção que sempre quisemos e nunca concretizamos. Então o nosso ego transpirará no bom sentido, os nossos dias tornam-se mais saudáveis e aos outros proporcionamos alegria de viver.


Revista Notícias Magazine de 03 de agosto de 2003
Rubrica: Faça-se Ouvir

















Triste mundo


Temos a actualidade preenchida pela guerra do Iraque. Agora voltamos ao caso da pedofilia, amanhã não sabemos qual vai ser a notícia de top. Mas uma certeza tenho: que não se vai falar da fome que vai pelo mundo inteiro, dos milhares de crianças que morrem de fome em África. Num mundo de abundância, é coisa para qual não encontramos explicação. Como podem morrer de fome as pessoas, as crianças que não passam dos cinco anos de idade, que vivem numa miséria atroz? A vida é um bem precioso, que deveríamos estimá-lo, e sabemos que ninguém pede para nascer.
Porque é que os países fortemente industrializados e com rendimentos per capita acima da média não dão uma mão aos países pobres? A divida externa dos países pobres devia ser perdoada pelos países ricos, pois na maior parte dos casos foram estes mesmos países ricos colonizadores, extraindo grande parte das suas riquezas naturais. Há fortunas incalculáveis que nem num século se extinguem. Em lugar de fornecerem armas a estes países subdesenvolvidos deveriam dar-lhes alimentos, medicamentos e todo o apoio para terem uma vida mais feliz e digna.
No fundo,
Todos somos originários do mesmo homem e da mesma mulher que no inicio da humanidade viveram em comunidade, partilhando tudo em pé de igualdade.
Nos cinco cantos do planeta há gente que luta para sobreviver às guerras, à fome e à má nutrição. No mundo há lugar para todos, toda a gente tem direito ao pão nosso-de-cada-dia, porque muitas vezes os mais pobres podem salvar os mais ricos.


                                     
Revista Notícias Magazine de 23 de novembro de 2003
Rubrica: Faça-se Ouvir























Gato por lebre


Atualmente consumimos tudo, até nos consumimos a nós mesmos com os problemas das nossas vidas.
Comunicação social, canais televisivos, empresas de publicidade e marketing, atacam-nos com imagens e produtos alusivos ao prazer e bem-estar. A sociedade está de tal forma que é impossível não ser influenciado pela publicidade. Mas às vezes somos iludidos e compramos gato por lebre. Temos de estar atentos às manobras publicitárias para não sermos enganados e também para não consumirmos muito as nossas cabeças.


Revista Notícias Magazine de 21 de março de 2004
Rubrica: Faça-se Ouvir




Europa dos 25


Falta muito pouco para a Europa comunitária passar para 25 países – e será que foram salvaguardados os interesses de Portugal? País do Leste Europeu com mão-de-obra mais barata e com um nível cultural muito elevado, vão decerto fazer-nos frente em certos sectores da economia. Já se está a observar a fuga de multinacionais para outras paragens e muita gente está a ficar sem emprego perante a apatia do governo que de tais situações lava as mãos. Estamos na cauda da Europa e, por este caminho, vamos continuar por muito mais tempo, a não ser que haja uma verdadeira revolução da vida política, económica e social portuguesa.


Revista Notícias Magazine de 02 de maio de 2004
Rubrica. Faça-se. Ouvir





















Futurismo e baboseiras


Todos os dias me surpreendo com fenómenos paranormais na televisão portuguesa, especialmente quando vejo pessoas ditas da elite portuguesa dizendo baboseiras. O Galo de Barcelos está fora de moda? E o símbolo do Euro 2004, não tem lá os coraçõezinhos coloridos do Galo de Barcelos? Então já não se encontra bacalhau na mesa dos portugueses? Gostava de saber qual é o restaurante português que não tem um prato de bacalhau. Enquanto em todo o mundo se faz tudo para preservar as tradições nacionais dos vários países, estes senhores parece que querem acabar de vez com a cultura portuguesa, incutindo nos jovens portugueses significados sem futuro histórico. Andam por aí a dizer que somos uma província de Espanha… Por favor, tenham mais respeito pelos vossos pais, avós e pela nação. O vosso lugar é nas mesas dos cafés a fazer futurismo e não na televisão.


Revista Notícias Magazine de 06 de junho de 2004
Rubrica: Faça-se ouvir





Haja esperança


O país está em crise; é o desemprego a subir, é a falta de poder de compra, é o défice orçamental, a saúde deficiente, enfim, um leque de coisas que aflige a população portuguesa. As lutas partidárias pela posse do poder em nada contribuem para melhorar a vida dos portugueses. O presidente da República apelou à unidade nacional para resolver a crise, só que se esqueceu que foi o próprio que contribuiu para a desunião da classe política ao dissolver um governo com maioria parlamentar e um parlamento legitimamente eleito pelo povo. Agora que vê como previsível a vitória do seu partido nas próximas eleições, já vem apelar ao consenso e unidade nacional. Haja esperança de que o próximo governo, venha ele donde vier, traga boas novas para a vida dos portugueses e das suas economias.


Revista Notícias Magazine de 06 de fevereiro de 2005
Rubrica: Faça-se Ouvir














Idosos ignorados

Todos os dias nos deparamos com o olhar triste dos idosos que se cruzam connosco, que nos fazem sentir uma nostalgia do que será a nossa vida quando lá chegarmos. Deveríamos sentir um grande orgulho em estarmos perto deles, pois eles são os anciãos da sabedoria e quem nos poderá dar umas lições de vida.
Mas não: são literalmente ignorados por muita gente, principalmente pelo Estado, que depois de ter todos os meses, durante uma vida inteira, metido a mão nos seus bolsos, dá-lhes reformas de miséria que mal dão para os seus medicamentos. É triste, mas é verdade. Todos os que vão para o governo falam nos reformados, mas sabem que não vão cumprir o prometido – nem em 2010 as reformas chegaram ao ordenado mínimo. É evidente que os quadros superiores da função pública e também das empresas privadas irão usufruir de reformas elevadas, mas na maioria da população portuguesa isso não acontece. É triste ver muitos idosos deixados ao abandono nos hospitais, nos lares de terceira idade, como se fossem um fardo para a sociedade. Acho que está na hora de pensar a sério e olhar com olhos de ver para o problema gravíssimo que é o desamparo dos idosos pelo Estado.


Revista Notícias Magazine de 13 de fevereiro de 2005
Rubrica: Faça-se Ouvir


                                                                        

Socialismo ditatorial

Continuamos a ver como o nosso primeiro-ministro insiste em pôr o socialismo na gaveta – uma forma característica de socialismo ditatorial. A contestação das várias classes profissionais está na ordem do dia, como a dos militares. A revolução do 25 de Abril foi feita para acabar com a repressão e a falta de liberdade que reinava do país, e agora vêm estes indivíduos ditos de esquerda reprimir os militares – sem eles, hoje não poderíamos estar a falar assim tão abertamente. Certamente, não foi para isto que os portugueses votaram no Partido Socialista.

Revista Notícias Magazine de 09 de outubro de 2005
Rubrica: Faça-se Ouvir

















Trabalho infantil


Antes da revolução dos cravos as famílias portuguesas viviam com muitas dificuldades e eram muito numerosas. As crianças começavam de muito novas a ajudar os pais no trabalho. Era normal ver crianças com dez e doze anos a trabalhar na construção civil, na agricultura e até mesmo em algumas indústrias. O dinheiro que os pais ganhavam não era suficiente para sustentar as bocas numerosas das famílias. Mal sabiam ler e escrever e iam trabalhar, interrompendo a infância a que tinham direito. Claro que isto era antes do 25 de Abril. Mas será que o trabalho infantil em Portugal já não existe? Creio bem que ainda não foi erradicado. Que tem feito o governo para acabar com esta vergonha? Se bem me lembro, o governo ainda não disse uma única palavra sobre o assunto. Era bom que o engenheiro Sócrates, que gosta tanto de falar de justiça social, se pronunciasse em vez de andar a prometer aos portugueses aquilo que não pode realizar.


Revista Notícias Magazine de 23 de outubro de 2005
Rubrica: Faça-se Ouvir


                                                                
                                                                 




Energia nuclear

                                           
É de interesse público um debate de esclarecimento a nível nacional sobre a possível construção de uma central nuclear. Com as graves crises com que se depara o mundo global, daqui a uns 20 anos o consumo dos derivados do petróleo vai ser insustentável para o cidadão comum e para própria indústria. Era bom que se pensasse numa alternativa. Para o senso comum, a energia nuclear parece um bicho-de-sete-cabeças, mas se as pessoas fossem esclarecidas compreenderiam que é uma energia limpa, muito mais barata e com pequeno risco de acidentes ecológicos, pois a tecnologia está hoje muito avançada.

Revista Visão nº 660 de 27 de outubro a 2 de novembro 2005
Rubrica: Correio do Leitor















Consciência essencial

Todos os dias deparamos com desperdício de bens essenciais. Ora é o pão que vai para o lixo, ora é fruta que apodrece, ora leite que fica fora de prazo e muitos mais alimentos que tanta falta fazem a muita gente que vive abaixo do limiar da pobreza. É certo que estes actos não são voluntários, mas devemos ter uma certa gestão de consciência para sabermos que tudo o que para nós é excedentário é, para muita gente, essencial. O problema da falta de poder de compra não se resume a um governo, mas à falta de estabilidade política e económica que registamos há trinta anos. Agora vêm os socialistas governar, depois vêm os sociais-democratas e vice-versa. As políticas económicas nunca chegam a bom porto porque são interrompidas por outras que pensam ser melhores. Com esta instabilidade governativa, a população com recursos económicos mais baixos vai vivendo com grandes dificuldades, enquanto outros desperdiçam coisas que fazem falta a muita gente. É urgente uma política de consciencialização da boa utilização dos bens essenciais, para uma maior harmonia e felicidade do povo português.


Revista Notícias Magazine de 06 de novembro de 2005
Rubrica: Faça-se Ouvir





Crucifixo III

É com uma certa apreensão que vejo a ideia do Governo de retirar os crucifixos das escolas portuguesas. Não compreendo tal atitude. Somos uma nação católica desde a formação do reino português, e já lá vai mais de oito séculos. Penso que não são as tradições do povo português que estão erradas, mas sim uma Constituição da República que foi feita para levar Portugal para um socialismo marxista em que a religião era simplesmente banida da sociedade. Se o Governo tem maioria para governar e ditar leis, então que respeite a esmagadora maioria do povo português e a sua religião. Isto de um Estado laico só se for num regime comunista – e mesmo aí as crenças religiosas estão sempre enraizadas. Portugal é um país tolerante no que diz respeito à religião. Por favor, senhores governantes: parem de mexer com as sensibilidades do povo português. Se não dão ao povo aquilo a que tem direito, deixem as suas almas em paz.


Revista Notícias Magazine de 18 de dezembro de 2005
Rubrica: Faça-se Ouvir














Choque tecnológico

Continuo sem entender a lentidão dos serviços do Estado, mesmo depois de ter sido lançado o famoso choque tecnológico. Vejamos: emissão de BI – dois meses; cartão de utente do SNS – dois a três meses; carta de condução – dois meses. Este plano de inovação tecnológica não tem passado de mera propaganda governativa, a não ser que o primeiro-ministro caia na asneira de dizer que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem.
Talvez tenha sido por isso que o governo socialista mandou retornar a Lisboa os vários ministérios que estavam espalhados pelo país, centralizando na capital todo o aparelho de Estado, para assim ditar as suas leis anti provincianas. Estou para ver quanto tempo vai demorar para obter o documento único automóvel.
O engenheiro Sócrates até tem boas ideias. Só acho é que está mal-informado pela sua equipa, teimando em não a remodelar.

Notícias Magazine de 01 de janeiro de 2006
Rubrica: Faça-se Ouvir


Geração XXI

Que futuro vamos deixar aos filhos deste novo século? Certo é um mundo de novas tecnologias e de um mediatismo incontrolável. As barreiras geográficas estão cada vez mais permeáveis, tornando o mundo mais pequeno. Certo é também que o mundo está em guerra. Não vamos ignorar que os filhos do século XXI estarão mais vulneráveis às intempéries do sistema capitalista e fundamentalista.
A sociedade está prisioneira do consumismo desenfreado onde, para obter lucros, não se olha a meios. Os órgãos de comunicação têm um papel fundamental na educação e na mensagem que transmitem. A qualidade de vida não se resume à abundância indiscriminada. As normas sociais terão de ter um equilíbrio assente no bom senso. Enquanto houver milhões de crianças a morrer à fome, o futuro da geração XXI estará em perigo de perder o rumo da felicidade, esse estado de alma que tranquiliza a existência humana


Notícias Magazine de 22 de janeiro de 2006
Rubrica: Faça-se Ouvir











                                                        






O interior aqui tão perto

Portugal é um país implantado à beira-mar. Terão as pessoas que vivem na litoral consciência do que é viver no interior?
A oferta de bens e serviços está distribuída de maneira desigual. Por mais que a população interior queira equivaler-se à população litoral existem sempre desigualdades.
Com os fundos comunitários fizemos novas vias de comunicação e possibilitou-se uma maior aproximação ao litoral. Mesmo assim, as povoações do interior continuam a perder população.
Será que é uma característica de país subdesenvolvido?
Comparando com cidades europeias que mesmo sendo agregados populacionais do interior florescem de igual modo com cidades do litoral… está na hora de desenvolver Portugal num só todo para que tenhamos acesso igual aos mesmos direitos, conforme diz a nossa Constituição. Digamos não ao isolamento, que o interior está aqui tão perto.

Notícias Magazine de 19 de fevereiro de 2006
Rubrica: Faça-se Ouvir



Flagelo quotidiano

É triste como o flagelo da SIDA tem sido ignorado pelos nossos políticos.
Já alguém ouviu o nosso primeiro-ministro falar sobre o assunto? Eu não e sou m cidadão atento aos noticiários. Agora tem-se falado em salas de injecção assistida. É possível que possa haver uma diminuição dos casos de infecção, mas o problema da dependência ficará exactamente na mesma. Já muita gente tem dito que para travar a evolução da doença seria necessária uma prevenção eficaz. Não seria bom o Estado fazer uma campanha de sensibilização direccionada às pessoas dependentes da droga e de seguida encorajá-las a irem para grandes centros de recuperação comunitária financiados pelo Estado? É certo que investimento é muito elevado, mas a sociedade portuguesa compreenderia estas decisões. O serviço nacional de saúde tem por obrigação zelar pela saúde pública. Penso que está na hora de se investir a sério na saúde, sem receio de derrapagens das finanças públicas, pois os portugueses contribuintes descontam o suficiente para o Estado para terem direito a uma assistência da saúde com dignidade.


Notícias Magazine de 26 de fevereiro de 2006
Rubrica: Faça-se Ouvir














Governo o psiquiatra

O descontentamento da população portuguesa está a ficar generalizado em relação às políticas impopulares impostas pelos nossos governantes. Quando o governo anuncia uma boa medida para os portugueses vêm logo a seguir três ou quatro que nos põem a apertar o cinto. Os portugueses já não têm mais furos para apertar. Os ministros vão passar a legislatura a deitar a culpa para o anterior governo, coo se isso fosse justificação para os graves erros de gestão governativa destes senhores que estão no poder. É um mundo irreal que nos querem dar, com uns a construir e outros a destruir aquilo que nos foi deixado. O governo parece estar a precisar de uma terapia de grupo para minimizar o seu autismo e diminuir os sintomas esquizofrénicos.
Definitivamente é um caso de psiquiatria.

Notícias Magazine de 19 de março de 2006
Rubrica: Faça-se Ouvir





Maternidade a quanto obrigas

Várias maternidades de hospitais públicos vão fechar. A razão dada pelo governo é que não têm número suficiente de partos anuais que justifiquem a sua operacionalidade. Não se compreende que uma grávida que entre em trabalho de parto tenha que percorrer trinta ou quarenta quilómetros para dar à luz. Decerto que terá o filho pelo caminho antes de chegar ao hospital. Parece que estamos num país das bananas: andam autarquias a incentivar casais jovens a ter filhos, e por outro lado anda o governo a atemorizar as mulheres a não terem filhos. O governo dá um pontapé para a frente e dois para trás.

Notícias Magazine de 26 de março de 2006
Rubrica: Faça-se Ouvir




















Sem-abrigo

Somos um país tão pequeno que, apesar das dificuldades económicas que atravessamos, não vejo razão para haver pessoas a viver na rua. Existe dinheiro para grandes infra-estruturas. Será que não há dinheiro para tirar as pessoas que vivem ao relento dessa miserável existência?
Segundo a Constituição, todos os portugueses têm direito a uma vida com dignidade, mas muitas vezes não é isso que acontece. Se perguntarmos a um sem-abrigo do que carece, a resposta não varia: uma palavra amiga e, principalmente, trabalho.
A indiferença como e repúdio pelas pessoas que vive na rua e constatada todos os dias. Qualquer um de nós está sujeito a um dia cair em desgraça. O nosso destino só Deus sabe qual é. Já vi campanhas de solidariedade para muitas coisas e, diga-se, justas. Mas quando vai surgir uma campanha nacional de ajude aos sem-abrigo?
Há várias instituições que os ajudam, mas não seria de mais se o ministro da Solidariedade Social pusesse mãos à obra e convocasse todos os portugueses para resolver este problema social.

Notícias Magazine de 16 de abril de 2006
Rubrica: Faça-se Ouvir





Barreiras arquitectónicas

Como é possível que, sendo Portugal membro da União Europeia há vinte anos, continuemos a ter edifícios públicos – e não só – sem acessibilidade a cidadãos com deficiência motora ou invisuais. Fala-se muito em igualdade de direitos e oportunidades, mas muito está por fazer no que a esta matéria diz respeito. Não é possível transitar de cadeiras de rodas por passeios públicos cheios de buracos e automóveis, são constantes as entradas para edifícios através de grandes escadarias e sem quaisquer rampas, Multibanco localizados a uma altura que não permite a sua utilização por pessoas em cadeira de rodas. Nesta era de choques tecnológicos e inovações, será que as pessoas com deficiência vão continuar esquecidas e discriminadas? Este governo fala muito de justiça social, combate à evasão fiscal, aplicação de impostos para bem do país. Então que aplique os dinheiros públicos para bem dos desfavorecidos e pessoas com dificuldade de integração na sociedade. Já agora, o que tem o governo a dizer aos deficientes das Forças Armadas? O Estado português não tem responsabilidades para com eles? Acho que temos que ter um governo coerente nas suas atitudes para pedir sacrifícios aos portugueses, porque de outra forma as manifestações contra as políticas governativas estão plenamente justificadas.

Notícias Magazine de 23 de abril de 2006
Rubrica: Faça-se Ouvir













As lacunas do Estado social


Temos sido abalados ultimamente pelas notícias graves de crianças espancadas até à morte por adultos. É estranho como o apuramento das responsabilidades e condenações de tais monstruosos actos parecem ser levados com normalidade. As comissões de avaliação de menores em risco estão a funcionar deficientemente, pois ou os técnicos não têm competência para as funções que desempenham ou tudo é levado de ânimo leve.
Já à muito deveria ser feito um cerco fechado a estas instituições que abrigam estas crianças, assim como às famílias problemáticas que estão sob observação dos peritos da segurança social. É urgente criar coragem para denunciar actos de maus-tratos nas crianças, para evitar que o pior aconteça, e também para que as crianças não cresçam num clima de terror e de violência. Não basta falar na sustentabilidade da segurança social. É preciso que ao pedir sacrifícios aos portugueses para a sua sustentabilidade se criem mais condições de apoio social, que justifiquem contribuições adicionais. O Estado social português está cheio de lacunas, as autoridades são permissivas com estes casos. Todas as crianças têm o direito a uma infância feliz e saudável, pois elas são o nosso futuro, o futuro de um Portugal evoluído e justo.


Notícias Magazine de 28 de maio de 2006
Rubrica: Faça-se Ouvir


                               
Que culpa tem a escola?

Continuamos a assistir ao achincalhar, por parte do governo e em especial da ministra da Educação, da prestigiada classe dos professores. Não consigo compreender como se pode pôr em prática certas medidas ditas de reformas de ensino, pondo em causa as competências dos docentes portugueses. Então o insucesso escolar é culpa dos professores? Onde se viu tamanha falta de sensibilidade? Só mesmo num país como Portugal se fazem este tipo de afirmações. Toda a gente sabe que nem todos os miúdos têm as mesmas aptidões para os estudos. Os pais deveriam ter mais cuidado na educação dos filhos, preocupando-se não só com o que os filhos aprendem nas escolas, mas também, e sobretudo, fora delas. É fora do espaço escolar que se encontram os problemas causadores do insucesso escolar, nomeadamente nas zonas socialmente mais problemáticas.

Noticias Magazine de 09 de julho de 2006
Rubrica: Faça-se Ouvir











              



As SCUTS


Uma das bandeiras eleitorais do partido socialista foi as auto-estradas sem portagens (SCUTS).
Na óptica do utilizador, e sem dúvida um bem precioso, mas para o orçamento e despesa do Estado é claramente um cancro. Em prol de combater as assimetrias entre o interior e o litoral, o Estado vai ter que suportar estes encargos, que se vão reflectir nos contribuintes. Sim porque o governo terá que procurar o dinheiro em algum lado. Então não admira que venham aí mais impostos camuflados.
São as taxas moderadoras a aumentar, são impostos na ADSE, as custas com a justiça com valores inadmissíveis. Então não é mais do que dar e tirar noutros sectores do Estado para não dar muito nas vistas. Veremos quanto tempo vai durar a SCUT A-25, e que custo vai ter para o Estado português. Penso que as auto-estradas deveriam pagar por si próprias. Então sim, quando estivessem pagas poderiam passar para SCUTS.
A auto-estrada A-1, Porto – Lisboa está mais que paga. Sendo as SCUTS um bem muito importante para a economia do país, porque não transformar esta auto-estrada numa SCUT para o bem do comércio e indústria portuguesa, visto que é por aqui que passa a maior parte dos transportes de mercadorias do país?
Era bom que o governo se preocupasse também com as estradas nacionais, que tantos acidentes causam por todo o país. Se viajarmos pelo interior de Portugal, verificaremos que as estradas nacionais são bastantes perigosas, precisam do de ser reestruturadas. A circulação rodoviária portuguesa nas estradas nacionais tem um fluxo de trânsito bastante elevado, sendo essencial para que se criem condições para uma circulação em segurança.
Quanto às SCUTS era bom que o chefe do governo explicasse aos portugueses como vai ser paga esta obra e suas manutenções.

Revista Pública de 29 de outubro de 2006
Rubrica: Cartas























Altruísmo popular

Verificamos várias vezes durante o ano, que os portugueses são solidários com as pessoas em dificuldades, mesmo sendo pessoas de países distantes.
O povo português sabe bem o que é passar dificuldades, então o seu coração não tem limites para com as pessoas vítimas de tragédias e misérias. Nas campanhas de solidariedade e recolha de fundos e géneros do banco alimentar contra a fome, estamos sempre presentes com o nosso contributo. Muitos voluntários estão pelos cinco cantos do mundo ajudando as populações carenciadas e instruindo para uma melhor qualidade de vida. Muitos portugueses abdicam de vidas confortáveis e da família para ajudarem quem está a sofrer.
O governo português tem por obrigação ser mais solidário para com o povo. Segundo dizem são um governo com carisma social., e segundo a sua ideologia assim devia ser.
Mas, estamos a assistir é a uma indiferença por parte do governo para as questões sociais.
Um país com dois milhões de pobres num universo de dez milhões é uma situação bastante grave para ser levado de ânimo leve.
Os sacrifícios pedidos aos portugueses para levantar a economia e finanças públicas e consequentemente o nível de vida dos portugueses, terá que ser para bem da população e não para cobrir erros governativos. Somos um povo solidário e amigo do seu amigo. Não se pode subcarregar as pessoas com impostos quando a carga fiscal já é elevada. Era bom que o governo criasse um gabinete de crise social para resolver os problemas sociais que existem pelo país.
É preciso trabalho para haver pão, e nisso o governo tem obrigações e responsabilidades. Será que o governo vai cumprir até final da legislatura com os 150.000 postos de trabalho? Pelo caminho que vamos, o desemprego vai continuar a aumentar.
Há que dar garantias de emprego aos portugueses, não aumentando a precariedade do trabalho, para pedir mais sacrifícios.
Nunca nenhum governo deverá menosprezar o altruísmo do povo português, pois é esta maneira nobre de reagir a situações adversas que caracteriza o povo que somos.


Revista Pública de 05 de novembro de 206
Rubrica:























Desemprego e desenvolvimento




É com tristeza e angústia que vemos na televisão todas as semanas fábricas a fechar portas, arrastando centenas de pessoas para o desemprego. O problema não está tanto em ficarem desempregadas, mas sim na dificuldade em voltarem a arranjar emprego. Como pode a economia portuguesa estar a dar sinais de crescimento quando o desemprego continua a aumentar a passos largos? Os incentivos à criação de novos postos de trabalho e empresas são irrelevantes no nosso país. Não há benefícios fiscais para as empresas – desta forma não poderá haver desenvolvimento da economia, só haverá empobrecimento do tecido empresarial. Com o anúncio do aumento de 1,5 por cento dos salários, muito abaixo da inflação, que deverá ser de 2,6 por cento, o poder de compra dos portugueses deverá diminuir para níveis terceiro-mundista. É realmente preocupante a situação das famílias atingidas pelo desemprego. Existem casos – e são às centenas pelo país fora – que sobrevivem graças à solidariedade dos vizinhos. Seria de bom senso que o nosso primeiro-ministro se deslocasse às zonas mais atingidas por este flagelo. Se em lugar de investir nos projectos megalómanos da OTA e do TGV – que não vão resolver coisa nenhuma no país – usassem esse dinheiro para criar empresas inovadoras e consequentemente criarem milhares de postos de trabalho, assim sim, teríamos um país e um governo de carisma social e solidário com a população portuguesa.


Noticias Magazine de 05 de novembro de 2006
Rubrica: Faça-se Ouvir
























Trocas e baldrocas

Continuamos a assistir todas as semanas a medidas governativas que parecem sair de livros sobre o absurdo (Franz Kafka).
Então vão legislar, para autorizar a troca de seringas nas prisões? A nossa Constituição é uma das mais avançadas do mundo, e ao mesmo tempo das mais racionais, em que os valores humanos estão seriamente consagrados. Os senhores do governo não encontram uma solução mais plausível para diminuir o risco de doenças infecto-contagiosas dos toxicodependentes nas prisões? Com estas medidas, com certeza que se vai diminuir o contágio, mas não se vai diminuir a dependência das drogas duras. Que eu saiba, a toxicodependência não é uma doença incurável, existem métodos e meios comprovados para curar pessoas com problemas de droga.
Talvez nas prisões seja um local onde o tratamento e o acompanhamento das pessoas que querem deixar a dependência surta efeito. Agora alimentar o vício e de bradar aos céus! A sociedade portuguesa penaliza com prisão o tráfico e consumo de drogas duras, e nas prisões trafica-se e consome-se droga.
Esta é uma maneira fácil de dizer aos portugueses que o governo está a fazer um bom trabalho no combate à sida, só que a realidade é bem diferente. Somos o país da Europa com maior número de casos de seropositivos por ano. A passividade para este problema é um facto, tanto neste governo como em outros anteriores. Querem acabar com o aumento dos casos de sida nas prisões? Então façam um cerco apertado nas revistas das visitas, e já agora aos guardas prisionais, pois decerto que a corrupção está em todo o lado. Não é verdade? Tem de se encaminhar o recluso toxicodependente para o tratamento, e não pensar que existem casos perdidos. Invistam na prevenção e no tratamento especializado, pois há milhares de portugueses que podem provar que a cura da dependência é possível. O engenheiro José Sócrates fala muito bem de inovação e de novas tecnologias, mas valores humanos e saúde pública não é definitivamente com ele. Os portugueses compreendem, como o primeiro-ministro gosta muito de dizer na televisão, mas só quando as melhorias de vida no dia a dia se fizerem sentir. Por este rumo de marketing governativo, o adiamento das questões fulcrais do país vai continuar na ordem do dia.

Noticias Magazine de 19 de novembro de 2006
Rubrica: Faça-se Ouvir
























E depois dos sacrifícios?


Algo tinha de ser feito para travar o declínio da economia e das finanças públicas. O método que José Sócrates apresentou é que não foi coerente. Mandou para o desemprego milhares de professores contratados; ora, foi ele mesmo que falou em criar emprego a milhares de licenciado s.
Na saúde, foi o que se viu: maternidades e serviços de urgência a fecharem, taxas moderadoras a aumentar. Os grandes grupos financeiros com lucros astronómicos, não são taxados relativamente às suas proporções. Os portugueses continuam a endividar-se sem que o governo se preocupe.
No Ambiente, o país não vai cumprir os limites de gases poluentes para a atmosfera. Na Segurança Social, o governo dá por um lado e por outra tira. Não pense o Eng. Sócrates que os portugueses andam a dormir.

Revista Visão de 11 de janeiro de 2007
Rubrica: Correio do Leitor

I.V.G.

A despenalização da interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas, levada à forma de refendo nacional, é de certa maneira, colocar na mão dos portugueses a “batata quente”, que o governo não quis assumir a responsabilidade de tal decisão.
Sendo assim, os partidos políticos, o próprio governo e todas as entidades do Estado português, deve abster-se de toda a campanha em torno do Sim ou do Não.
Uma coisa que o governo já devia ter feito à muito, era criar apoios às futuras mães, para que possam ter condições para criar os filhos, incentivando assim, a natalidade que tanto Portugal precisa, para rejuvenescer a população envelhecida.
Quando o nosso primeiro-ministro foi à Finlândia, decerto que reparou no apoio, que este país dá à maternidade, em que as recéns mães, ficam até três anos em casa para cuidar dos filhos.
Se queremos ser europeus temos de criar políticas europeias. Caso a I.V.G. seja legalizada, terá que haver formas de manter o anonimato de quem praticar o aborto nos hospitais públicos, porque não sendo assim, vai voltar tudo ao mesmo, com a descriminação das mulheres na sociedade.
Quanto custará ao Estado todo este processo no serviço nacional de saúde?
Será que vai sair mais caro do que apoiar economicamente as futuras mães?
Várias elações serão tiradas se o sim ganhar: primeiro a taxa de natalidade vai diminuir drasticamente, os custos para o Estado vão ser enormes, as clínicas privadas vão ser os grandes lucradores disto tudo, visto se o serviço nacional de saúde não garantir o anonimato de quem pratica, certamente que vai existir uma corrida ao privado.
O conceito de que se está a matar um ser humano, tem vários pareceres técnicos, tanto para o Sim como para o Não. Penso que se trata mais de um problema social e de saúde pública. O Estado português tem de pensar seriamente o que quer fazer coma segurança social, o serviço nacional de saúde, e a educação, pois, são três sectores do Estado que estão directamente ligados com o problema da gravidez.
Neste refendo, seja qual for o resultado, está na hora de haver uma maior atenção à adolescência e às condições económicas e sociais da população portuguesa, para os portugueses sentirem-se mais felizes e motivados para levar este país para a frente.

Revista Pública de 28 de janeiro de 2007
Rubrica: Cartas






Urgência para a saúde


Quinze serviços de urgência vão fechar por ordem do ministro da Saúde. Parece que os cuidados públicos de saúde, neste país, também estão sujeitos a medidas economicistas por parte do governo. Será que não basta terem morrido duas pessoas a caminho de hospitais centrais por demora de assistência médica e transporte? O partido que está no governo, que ainda há bem pouco tempo falava de regionalização do país, agora começa a centralizar todos os serviços do Estado – é de ter pouca credibilidade política e confiança nos cidadãos. Esta política impopular do governo está a provocar uma desertificação irreversível. Primeiro foram as maternidades, depois as taxas moderadoras, e agora as urgências. Parece que o nosso primeiro-ministro ainda não se apercebeu quanto de mal o seu ministro Coreia de Campos está a fazer no Ministério da Saúde. Portugal não é um tubo de ensaio, em que se experimentam novas medidas sem saber as consequências que acarretam para os portugueses. Os serviços de saúde devem estar o mais próximo das populações, nem que para isso haja encargos suplementares para o Estado. Um Estado com um serviço de saúde precário não pode de maneira alguma desenvolver-se. Continua sem se perceber qual é o papel do Presidente da República, quando estão em causa direitos fundamentais dos portugueses. Está na hora do Professor Cavaco Silva pôr um travão.
A cooperação estratégica entre presidente e primeiro-ministro é importante para uma boa estabilidade governativa, mas nem tanto à terra nem tanto ao mar. A saúde é um dos mais importantes sectores do Estado, senão o maior. Será que o senhor ministro da saúde nunca esteve doente? Será que estar gravemente doente a vinte ou mais quilómetros de distância de uma urgência não é problema para o senhor ministro?
Vale a pena pensar um pouco.

Notícias Magazine de 18 de fevereiro de 2007
Rubrica: Faça-se Ouvir

















O peso dos aumentos

Os orçamentos familiares vão pesar nos bolsos dos portugueses, devido aos aumentos nos combustíveis, energia e bens essenciais. Segundo o governo, a economia está a crescer, mas abaixo da média europeia. Os salários não acompanham a subida dos bens de consumo e serviços, desta forma continua-se a perder poder de compra. Portugal não está identificado como país de oportunidades de investimento estrangeiro, devido a carga fiscal sobre as empresas, não sendo de forma alguma convidativo, à criação e desenvolvimento da indústria em Portugal.
Incentivar os portugueses à poupança é um paradoxo, quando o dinheiro dos portugueses mal chega para pagar as despesas correntes. O banco de Portugal reviu em alta o crescimento económico para 2007 em sintonia com as previsões do governo, mas a OCDE não partilha da mesma opinião, prevendo mesmo um abrandamento da economia europeia.
Penso que se está a criar falsas esperanças nos portugueses. É importante que a verdade seja dita, mesmo que tenha implicações da política governativa. Não podemos passar o tempo a dizer que os portugueses compreendem, porque o que os portugueses compreendem realmente, é que estão cada vez mais pobres.


Revista Pública de 18de fevereiro de 2007
Rubrica: Cartas

Temos de deixar de ser egoístas

Como se pode compreender que os países mais poluentes do mundo não assinem o protocolo de Quioto? Razões estritamente económicas estão na origem de tal atitude. O Estados Unidos, com a economia mais forte do planeta, e a China, com a economia a crescer mais de dez por cento ao ano, são os principais entraves para a ratificação do Protocolo de Quioto.
A evolução industrial dos últimos quarenta anos, libertando gases para a atmosfera, com um controlo duvidoso, está a causar graves alterações climatéricas no planeta, provocando um efeito estufa sobre a Terra. O clima está a mudar a olhos vistos. O nível das águas dos oceanos está a subir, as calotes polares estão a diminuir, e todo um conjunto de elementos da Terra estão irreversivelmente a mudar. Todo o cidadão do mundo deveria pensar em deixar um mundo saudável para os seus filhos e netos, pois ninguém quer o pior para os seus. As energias alternativas e renováveis deveriam ser uma aposta a nível planetário, diminuindo o consumo de combustíveis fósseis, que estão na origem de grande parte da poluição da atmosfera e de conflitos armados. Proteger as florestas virgens é de uma importância crucial, pois são uma fonte de oxigénio para a atmosfera e para o equilíbrio do ecossistema mundial.
O poder do dinheiro não se pode sobrepor à saúde pública, pois não havendo saúde não existe desenvolvimento e qualidade de vida. Temos de deixar de ser egoístas e pensar num futuro mais saudável, para que a civilização prevaleça pela eternidade

Notícias Magazine de 25 de fevereiro de 2007
Rubrica: Faça-se Ouvir















Dia em que a desgraça bater à porta…

Temos assistido a enormes catástrofes naturais por todo o planeta, que nos têm mostrado imagens de desolação e sofrimento. Preocupamo-nos com as guerras. Que semeiam a destruição das populações atingidas, mas começa a chegara altura de estarmos atentos à Natureza, que nos tem pregado umas valentes partidas. São tufões, terramotos, chuvas torrenciais, erupções vulcânicas, e pouco ou nada podemos fazer para nos precavermos. O Homem tem contribuído em parte para certas transformações da natureza. A poluição da atmosfera, causando o efeito estufa, e por sua vez a destruição da camada do ozono, vai fazer com que a Terra sofra profundas transformações nos próximos 100 anos.
Muitas vezes não nos apercebemos das agressões que são causadas ao planeta, mas quando o ar que respiramos for mais rarefeito, e a água que bebermos não estiver em condições, então as grandes potências mundiais vão pensar seriamente em salvaguardar os bens naturais.
O desenvolvimento industrial é sinónimo de riqueza, mas também de poluição, por isso terão de se desenvolver esforços tecnológicos para se minimizar os factores poluentes. A Humanidade está a ser atacada em várias frentes. É bom que nos preocupemos com o nosso vizinho, para que um dia que a desgraça nos bata à porta não sejamos esquecidos.

Revista Sábado de 01 de março de 2007
Rubrica: Do Leitor

































Política de emprego

O desemprego é um assunto que está na ordem do dia. Depois de ter atingido o valor mais alto dos últimos 21 anos, põe-se a questão: onde está a política de emprego do governo? Onde estão os 150.000 postos de trabalho prometidos? Enquanto a economia dá sinais de crescimento, devido ao aumento das exportações, o desemprego continua a aumentar.
Não se pode dizer que houve crescimento de riqueza económica ou social dos portugueses, mas sim de alguns grupos económicos.
Passados trinta anos Portugal voltou a ser um país de emigrantes, em que uma grande fatia dos quase 500 mil desempregados tem de abandonar a sua terra e procurar emprego no estrangeiro. A situação de milhares de famílias portuguesas está a tornar-se insustentável – já não são só os sem abrigo que vão pedir comida às instituições de solidariedade social. As empresas que se estabeleceram em Portugal são uma gota no oceano em relação às necessidades de emprego do país. O alívio da carga fiscal das empresas seria uma boa opção, criando uma maior margem de manobra para competir no mercado internacional. Portugal é um país sobrecarregado de impostos, em que a população mais carenciada é a mais afectada por essa penalização.
O nosso primeiro-ministro deveria aparecer na televisão quando anuncia a criação de novas empresas em Portugal, mas também falar dos milhares de desempregados que surgiram nestes últimos dois anos de governação socialista. É um erro dizer que Portugal está em franco desenvolvimento económico, pois o nosso desenvolvimento em relação à maior parte dos países da Europa está a ser feito a passo de caracol.


Notícias Magazine de 10 de Junho de 2007
Rubrica: Faça-se Ouvir


























Juntas médicas

O primeiro-ministro comprometeu-se a modificara lei, mas as situações continuam a acontecer. Têm de ser apuradas responsabilidades, sob pena de estarmos perante violações dos direitos humanos gravíssimas.
Dá-se reformas a políticos ao fim de 12 anos, continuando os mesmos no activo, e nega-se reformas a profissionais com doenças terminais. Estes casos devem ser denunciados ao Parlamento Europeu. Irá o PR continuara a dizer que não lhe compete comentar certas atitudes governativas?

Revista Visão de 19 de julho de 2007
Rubrica: Correio do Leitor







Liberdade de expressão posta em causa

Já começaram a ser muitos os casos de demissões em órgãos estatais, por alegados incumprimentos e faltas de competências dos funcionários. Se não é perseguição política, o que poderá ser? O que é certo é que as pessoas que substituem estes funcionários ou são militantes do PS ou da sua confiança política. Mas o mais grave é já não se poder falar como cidadão comum, pois vozes da censura salazarista fazem-se logo sentir. José Sócrates sabe que agora, com Portugal na presidência da U.E., Cavaco Silva está mais limitado para pôr cobro a tanta injustiça executada por este governo. Valendo-se da conjectura actual, o primeiro-ministro está a aproveitar para limpar todas as vozes incómodas no aparelho administrativo do Estado, ficando assim com o poder absoluto da máquina estatal. Instala-se o medo na função pública, perante tamanhos atropelos à liberdade de expressão. Nada destes vários casos tem a ver com faltas de respeito com superiores hierárquicos, que
E essa a mensagem que o governo quer passar. Se fosse assim já não havia deputados na Assembleia da República. Marcelo Rebelo de Sousa tem razão ao dizer que, com a presidência portuguesa da U.E., as questões nacionais vão passar para segundo plano, ficando assim o executivo com dificuldades para gerir a política nacional.
No caso da directora do centro de saúde de Vieira de Minho, o ministro Correia de Campos, antes de vir para a televisão fazer afirmações convictas, deveria informar-se devidamente como se passou todo este processo, para saber quem está a falar verdade, pois alguém deve estará querer subir de poleiro à custa de estratégias pouco claras. Os informadores instalados no sector público, ao serviço do governo não passam de uma PIDE camuflada, com objectivos pouco democráticos, com a missão de aniquilar quem tem opiniões diferentes do governo.
Onde está o PS que lutou pelas liberdades de abril? Ou será que a ala marxista do PS está a marcar pontos? Estes ataques a liberdade de expressão por parte do governo, só demonstram falta de tolerância que reina neste socialismo de gaveta.
O Presidente Cavaco Silva deveria falar aos portugueses para justificar o seu consentimento nestes e noutros casos de intolerância praticados pelo governo. Que se lembrem os portugueses, por muito menos Santana Lopes foi demitido por Jorge Sampaio.


Notícias Magazine de 22 de julho de 2007
Rubrica: Faça-se Ouvir